No livro Gênesis do Velho Testamento, é mostrado que Deus decide fazer um enorme dilúvio,
fazendo desaparecer tudo que havia sido criado até então. Porém, ordena à Noé,
fazer uma arca de madeira, e abrigar, junto com sua família, um casal de cada
espécie existente.
Mas qual a ligação de Noé com a China
dos dias de hoje?
Na China com uma população enorme , o
governo precisa gerar empregos urgente. Da mesma forma a população
querendo melhorar de vida rapidamente, trabalha por salários muito baixos.
Muitos dizem que estes salários não
são considerados tão baixos para os Chineses. Apesar de que, ultimamente, movimentos sociais estão aparecendo por melhorias salariais.
Entretanto na comparação com os
salários, encargos trabalhistas e benefícios, de outros países, este fato faz toda a diferença.
A comparação internacional
mostra, o custo da mão de obra industrial brasileira em 2010, estava em pouco
mais de US$ 10 a hora, segundo números do Departamento de Trabalho dos EUA. É
superior ao de emergentes como México (US$ 6,23) e China (US$ 1,36 em 2008, um
dado não totalmente comparável), mas inferior ao de países como EUA (US$ 34,74)
e mesmo Coreia do Sul (US$ 16,62).
Além disto no quesito, encargos trabalhistas,
o Brasil levantou a taça. Com 32,4% do custo da mão de obra da indústria, ganha de longe dos 21% nos Estados
Unidos, 25% na Europa e imagine então dos mirrados 13% na China.
Isto significa que em termos de custo de mão
de obra, a China é praticamente 10 vezes menor que o Brasil e para
comparação, algo como 30 vezes menor que nos Estados Unidos.
Imaginemos qual teria que ser a
eficiência industrial para compensar esta excrescência.
E nossas indústrias são sim,
eficientes “da porta para dentro”, apesar de
comentários contrários de alguns economistas e comentaristas, que na verdade não possuem
nenhuma experiência industrial.
Em uma indústria intensiva de mão de
obra, estes números chegam como um dilúvio.
Do jeito que vão as coisas, a
começar pelas indústrias que demandam muitos trabalhadores, uma a uma tende a
desaparecer, até o momento que cheguemos no mesmo estágio que Estados Unidos, hoje com mais de 8% de desemprego, Espanha com 24 % (sendo que 50% dos que
ingressam no mercado de trabalho desempregados) e por aí vai.
Todos estes países estão tentando a
todo custo refazer sua indústria, principalmente de confecção, que é uma das
mais intensivas de mão de obra, para voltar a gerar empregos.
E aí é que entra o Noé.
Vamos
precisar criar uma arca, para que durante o dilúvio, possamos preservar
trabalhadores de todos os setores, para no futuro, podermos recriar nossas
indústrias.
Como disse hoje, meu grande amigo
Oswaldo de Oliveira, um empresário de renomadas empresas do ramo têxtil e
confecção, "O Brasil precisa de uma Salvaguarda Social e não somente de produtos
industriais. Estamos importando, na realidade a precarização da mão de obra.
Depois de tantos anos, o trabalhador
brasileiro, conseguiu benefícios que não se deve abrir mão. Temos que
procurar melhorar ainda mais. Mas como fazer isto perante o dilúvio que já
começou? Como fazer para que uma parte maior do custo da mão de obra chegue na mão do trabalhador?
Dirão alguns que milhares de empregos serão criados na construção da Arca.
Brasil, não vamos esperar a água
“bater no nosso nariz”. Não vamos ficar dependentes da Arca de Noé.
Vamos arregaçar as mangas e manter
nossas indústrias e nossos empregos.
Bela reflexão através de palavras precisas e bem afiadas, Ronald. E que esse tão anunciado dilúvio seja capaz de enxaguar a cabeça tacanha destes nossos famigerados governantes, que têm sua visão nublada a um palmo do próprio nariz. Parabéns! Seguem abaixo dois links de textos recentes que fiz. Abração!
ResponderExcluirhttp://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3617185
http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3612757
Você tem toda a razão, não dá para competir a desigualdade de condições é gritante. Ontem uma empresa muito antiga do Setor me contou que perdeu mercado para o Peru, ou seja, o seu produto mesmo vendido no custo fica 40% acima da oferta daquele País. Por favor, me reserve um ingresso na arca.
ResponderExcluirSempre terá lugar na arca para uma ilustre advogada como você, Dra. Maria Thereza. Mesmo no futuro, precisaremos de advogados.
ResponderExcluirRonald sempre deixa claro que a proposta não é retirar direitos e conquistas de trabalhadores brasileiros. Mas, para competir, é preciso neutralizar essa diferença de outra maneira. Isto é, por meio de instrumentos que tragam maior competitividade, do tipo: a) crédito mais barato para investimento e giro; b) desoneração da folha; e c) menos obrigações acessórias. Porém, a solução mesmo, de verdade, para a competitividade só virá quando o governo viabilizar ao empresário brasileiro da confecção ser grande, com muito economia de escala. O Simples Diferenciado para setores intensivos em trabalho é uma proposta que não poderá cair no esquecimento. Vale lutar por ela.
ResponderExcluirÉ exatamente isto, Haroldo. Tem razão.
ResponderExcluirObrigado pela intervenção.