sexta-feira, 8 de junho de 2012

País de Tios Patinhas


   Números são relativos.

  Depende de como é visto ou analisado, pode ser grande ou pequeno, alto ou baixo. É quase igual à copo meio cheio ou meio vazio. Portanto precisam ser avaliados com muito critério.



   É inegável o aumento da renda da população desde 1994. Boa parcela da população passou das classes menos favorecidas para o que chamamos de Nova Classe Média Brasileira, ou seja a Classe C. E à isto deveu-se a boa fase da economia Brasileira, já que mais pessoas passaram a consumir, comprando de tudo, principalmente pelo crédito que lhes foi oferecido.

  Até aí, nenhuma novidade. Estou chovendo no molhado.

  Mas uma notícia veiculada em 29 de maio, sugere que analisemos com mais cautela estas verdades.

“O governo brasileiro já tem uma nova definição para a classe média brasileira. Considerando a renda familiar como critério básico, uma comissão de especialistas formada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República definiu que a nova classe média é integrada pelos indivíduos que vivem em famílias com renda per capita (somando-se a renda familiar e dividindo-a pelo número de pessoas que compõem a família) entre R$ 291 e R$ 1.019.”

  Portanto quem ganha mais de R$ 1.020 já é classe alta. Bill Gates, Eike Batista, Carlos Slim, tremei. Os Brasileiros estão quase os alcançando.

  Somos a partir de agora, um país de milionários. Somos uma população de Tios Patinhas. E isto somente com uma “canetada”. Por decreto.

  A propaganda do governo federal para mostrar sua eficiência, recai com insistência no aumento da classe C. Ora a renda média da classe C era de R$ 1.450 e a da D entre R$ 705 a R$ 1.126.

  Portanto conclui-se que o governo passou a chamar a classe D de Classe Média e com isto a faixa C de classe alta.


  Com isto, devermos ouvir nas próximas eleições que o Brasil bateu recorde de promoção de população, das classes menos favorecidas à classe alta. E após uma maciça propaganda, esta será a “Nova Verdade".

   Mas acontece que a população não consome nem come com “títulos”.

  Vamos manter um trabalho sério de melhoria das condições socioeconômicas da população, sem subterfúgios e matemáticas mirabolantes.

   Vamos tomar cuidado com as verdades numéricas que nos impingem.

   Vamos ser mais críticos com o copo meio vazio e meio cheio.

ACORDA BRASIL

4 comentários:

  1. Gostei da abordagem,Ronald. É bárbara a sua capacidade e talento para pegar um tema e virá-lo do avesso, propiciando a leitura de ângulo pouco visitado e gerar uma reflexão forte e contundente. Valeu! Aproveito pra passar o link do meu mais recente texto no Recanto http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/3712027
    Abraços e shabat shalom pra todos!

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  2. Rony, você tem razão. Devemos conter o ufanismo. Não existem dúvidas sobre a melhora que o País teve nas duas últimas décadas. Mas, continuamos como uma grande BelÍndia (termo proposto por Edmar Bacha, para descrever a desigualdade reinante no Brasil). Isto é, um parte do Brasil é quase Bélgica - poucos muito ricos - e o restante numa grande Índia, com todas as dificuldades e uma das piores distribuições de renda do mundo. Saber que ainda há muito por fazer é um bom caminho para começar já.

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  3. Você expressou muito bem são "novas verdades", mas que na verdade são "velhas mentiras". Agora me diga, querem enganar a quem? Um cafezinho custa em média R$ 4,00!!!

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