sábado, 25 de maio de 2013

A fábula de Peter Pan na Terra do Faz de Conta

Todos conhecem a história de Peter Pan.  
O personagem da história infantil que vive na Terra do Nunca.

Cansado de lá e querendo crescer, deixar de ser criança, escolheu se mudar para o Brasil.

Já que Deus é Brasileiro, lá deve ser o paraíso, pensou ele.

Convenceu a fada Sininho a acompanha-lo, e para cá vieram de mala e cuia.



Vieram voando, mas como os controladores de voos estavam em greve nem foram notados entrando no espaço aéreo Brasileiro. 
Além disso como era muito cedo e os funcionários da receita federal não haviam chegado, entraram tranquilamente com sua bagagem. Ainda bem pois Sininho havia trazido uma carga extra de pó de Pirlimpimpim.

Devido à sua ingenuidade de criança, e na ânsia de rapidamente aprender tudo sobre o país, leram a história política dos últimos 40 anos.



Pelos relatórios de todos os governos pelos quais o país passou, computando o número de moradias populares disponibilizadas para a população, escolas e hospitais construídos, quilômetros de estradas inauguradas e de novas viaturas policiais enumeradas, tiveram a certeza que aqui com certeza era o Paraiso.

Saíram então voando por aí para conhecer tudo.

Estupefatos e incrédulos começaram a ver miséria por todo lado. 
Viram filas de pessoas de madrugada na frente de hospitais. 
Sobrevoaram uma escola e pela janela sem vidro viram crianças sentadas no chão de terra assistindo aula.
Não acreditaram na forma como as pessoas estavam sendo transportadas, como gado, nos ônibus e trens. 
E se apavoraram com o número de pessoas assaltadas que viram lá de cima. A única coisa que não viram foram as tais viaturas policiais.

Sem nada entender, desceram e começaram a andar pelas ruas conversando, mas tomando todo o cuidado para desviar dos buracos da calçada e da sujeira.

De repente encontraram um senhor de idade, vestido todo de branco sentado em banco de uma praça.
Se aproximaram e puxaram papo com o bom velhinho. Ao se apresentarem, este se apresentou à eles como sendo Deus.

Nossa! Então Deus é Brasileiro mesmo, pensaram eles.

Começaram a conversar e então perguntaram:
Deus, lemos a história dos últimos quarenta anos de governos deste país e pelos relatórios, aqui já deveria ter escola de boa qualidade para todos, hospitais em número e tecnologia suficiente para atender toda a população. Não poderiam haver pessoas sem ter onde morar. 
Imaginamos um país com excelentes estradas e uma segurança rigorosa.

Deus começou a falar que havia cometido uma falha quando criou este país.

Ao criar os outros países os havia penalizado com efeitos climáticos desastrosos e para o Brasil iria apenas penalizar colocando aqui o povo “mais complicado” de que ele dispunha. 
Esta foi minha falha, comentou. Acho que errei na dose.

Agora nem consigo visitar minhas outras criações. 
Só tenho ficado aqui, tentando corrigir esta falha, mas tudo que faço piora (daí é que veio a expressão Deus é Brasileiro pois ele não sai daqui).

Então explicou para Peter Pan e Sininho como funcionavam as coisas por aqui.

Vejam por exemplo o caso dos hospitais. Um governo projeta e assina a criação de diversos deles. Faz uma pomposa cerimonia de apresentação à população e à imprensa. Ao término de seu governo estes hospitais são contabilizados. 

O próximo governo, lança a pedra fundamental dos mesmo. De novo festa, churrasco e cachaça para todos e os contabiliza também. 

E assim por diante um finca a primeira estaca, outro assenta o primeiro tijolo, sempre com pomposas festas e logicamente devidamente contabilizados. 

Quando algum dos próximos governos inaugura o prédio, aí ainda vão faltar os equipamentos que na realidade já foram comprados mas que estão apodrecendo em algum depósito devido à burocracia ou porque o governo seguinte ao que comprou, prefere outro equipamento e efetua nova compra. 

Mas afinal depois que tudo se concretizar vão faltar os médicos que não querem se sujeitar a trabalhar com salários não condizentes com sua formação e de longe inferiores ao de um ascensorista no congresso. 
Aliás já passei tanto conhecimento tecnológico à eles, já existem elevadores que se movimentam sozinhos controlados por computadores, não sei por que ainda mantem os antigos elevadores. Deve haver um motivo lógico que eu ainda não descobri. 

O mesmo ocorre com as escolas, as viaturas policiais e estradas. 

Mas é tudo o mesmo. Por isto vocês não encontraram Shangri-La aqui.

Veja Peter, disse Deus, neste mesmo tempo, por exemplo, a China se tornou um império. 






Mas aqui se tornou o País do Faz de Conta.




A única coisa exemplar neste país e que poderia ser exportado para todos os outros é o controle das cobranças de impostos. 
Mas até aí é faz de conta, murmurou.
Eles cobram e fazem de conta que retribuem.

Sabem quantos trilhões de Reais são arrecadados ano após ano e a nunca sobra dinheiro para nada?

Neste momento Deus pergunta à Sininho, será que seu pó de pirlimpimpim teria o poder de fazer com que a população entenda que está sendo ludibriada?

Por exemplo falta tudo neste país, mas agora estão construindo estádios de futebol suntuosos e pior em lugares que mal tem time de futebol para jogar depois da copa? 
Será que consegue faze-los enxergar que o maior benefício dos eventos da Copa do Mundo e Olimpíadas seria o desenvolvimento das cidades sedes como por exemplo mobilidade urbana, mas que nada disto está sendo feito?

Sininho cabisbaixa responde que infelizmente não. Seus poderes não vão além de tornar felizes todos os que habitam na Terra do Nunca.

Neste momento, Peter Pan se levanta olha para Deus e para Sininho por um tempo. Em seguida fala, vamos embora Sininho. 
Prefiro ser feliz na Terra do Nunca a ser levado à uma felicidade ilusória na Terra do Faz de Conta.

Prefiro o Capitão Gancho e o crocodilo à estes governos.

Despedem-se de Deus e partem voando de volta à Terra do Nunca.

Deus senta-se de novo no banco e volta a pensar em como corrigir seu projeto Brasil.

Mas começa a sentir que nem com todo o tempo do Universo que dispõe irá conseguir.

A única solução que lhe parece viável, é a de plantar a semente de uma nova população e esperar que depois de mais uma geração somente reste esta nova.

Mas ainda assim terá que rezar que dê certo.


ACORDA BRASIL

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