domingo, 22 de julho de 2012

Do dinossauro ao Olimpo


  Faltando apenas 5 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, parei para pensar sobre a posição do Brasil, neste evento.

  Na verdade, aqui no Brasil, nem parece que em cinco dias começa o maior evento esportivo mundial dos tempos modernos onde quase trezentos atletas irão representar o país em Londres.

  Se fosse o Campeonato Mundial de Futebol, o país já estaria parado. Aliás, de todos estes atletas, os noticiários só falam de um: Neymar. Para quem não sabe (duvido que tenha alguém) é um dos jogadores (nas olimpíadas são corretamente chamados de atletas) do time Brasileiro de futebol, que estranhamente e por que não vergonhosamente, nunca conseguiu medalha de ouro. Para quem não entendeu, nunca foi campeão.

  E isto que nos autodenominamos “País do Futebol”.

 A culpa é dos atletas? Obviamente não. Afinal somos penta campeões  de futebol no campeonato da categoria.

  Os jogos olímpicos são compostos de trinta modalidades esportivas, que abrangem os diversos biótipos da população mundial. E o Brasil é famoso pela sua miscigenação.

  Então por que o país nunca passou de colocações medíocres  nesta competição?

  Porque nada neste país, fora o futebol, é levado à sério.

  Em país sério, os dirigentes do COB- Comite Olímpico Brasileiro, já teriam sido depostos, há muito tempo. Mas não vamos execrá-los em praça pública sozinhos. A culpa não é somente deles.

  Da mesma forma que tragédias acontecem sempre por uma sucessão de erros, neste caso temos diversos culpados.
  A começar pelo governo federal, que a principal participação nos esportes, fica por conta da foto no Palácio do Planalto com os campeões (quando tem algum).


  Se algum membro do governo ler meu blog, vai se arrepiar todo, me chamando de injusto. Afinal temos o Bolsa Atleta que tem valores entre R$ 370,00 (categoria base) à R$ 3.100,00 (atletas de categoria olímpica).

  Só para lembra-los, senhores governos, uma pessoa que tenha aptidão para algum esporte, precisa treinar de quatro a seis horas diárias para chegar à níveis olímpicos. Além disto precisa de uma alimentação balanceada, suplementação, equipamentos de qualidade, local apropriado de treinamento e por aí vai.

  O esporte mais democrático que temos, a corrida, que só precisa e um calção e um par de tênis, só este, tem um custo próximo de R$ 300,00 aqui no Brasil, para algum que tenha mínimos requisitos tecnológicos. E sua durabilidade é de poucos meses. Portanto o incentivo Bolsa Atleta para alguém da base, só dá para comprar o tênis.

  Só para lembrar o piso salarial de um ascensorista no congresso é      R$ 6.000.

  Se o atleta já estiver em idade de trabalho, então, vai precisar trabalhar à noite para treinar de dia. Daí é que deve ter vindo a expressão “dormir é um vício”. Imagine o rendimento deste atleta.

  Vamos falar um pouco das condições técnicas para o treino.
 Quantos centros de treinamento especializados e perfeitamente equipados temos no país? Para não dizer nenhum e incorrer em erro, talvez uns três ou quatro. Mas com certeza muito aquém dos países que levam o esporte a sério.

  Mas a arrecadação de impostos bate recordes em cima de recordes. E quando fazem alguma instalação que poderia ser usada como centro de treinamento olímpico, como as instalações dos jogos Pan- Americanos, que ocorreram no Rio de Janeiro em 2007, ficam subaproveitadas (deterioradas para alguns) e agora estão sendo reformadas ou refeitas para as olimpíadas de 2016. Ouçam a matéria de uma rádio clicando no link.

  O patrocínio destes esportes pelo capital privado é dificultado pois a contrapartida governamental em termos de desoneração, é pífia. Lembremos que os atletas de base, não irão trazer visibilidade publicitária para estas empresas.
 Portanto, se nem  vôlei,  basquete e outros esportes razoavelmente populares não conseguem, quem dirá os outros. Quem já foi atrás de patrocínio, sabe do que estou falando.

  E a divulgação na imprensa?

 Na escrita, pequenas e esporádicas notas do tamanho dos anúncios fúnebres mais baratos.  
 Na televisiva beira o zero.
 E na radiofônica, mínima. 
 Agora a Band (não sou de fazer publicidade, mas esta vale) inaugurou uma rádio que só fala de esportes. Aleluia! 

Poucas entidades privadas tem investido em esportes olímpicos. O SESI sob o comando da FIESP é uma delas.

Mas é pouco.

  Por isto, os poucos atletas olímpicos Brasileiros, permanecem competindo por várias olimpíadas, até ficarem de bengala. Não há renovação.

  Pelo visto nossos resultados em Londres serão medíocres como sempre foram.
  E infelizmente em 2016 no Rio de Janeiro também, pois quatro anos é muito pouco tempo para formar uma geração olímpica.

  Estamos no período jurássico em esportes olímpicos.

  Mas para os dirigentes, isto não será problema. Já terão conseguido muito dinheiro (sim em subversão) e depois basta demitir o técnico, como fazem os times de futebol.
  Como a memória do povo é curta, no dia seguinte já não se fala mais nisto.

ACORDA BRASIL

3 comentários:

  1. Ronald esse assunto é intrigante. Desde criança vi Cuba - pequeno em território e pobre em recursos financeiros - ter muito mais medalhas do que o Brasil. Difícil de explicar para uma criança; impossível para um adulto.

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  2. Caro Rony, não será pior este ano em virtude de a rede Globo ter perdido a transmissão para a rede Record? Repare, mas a Globo, a de maior audiência, não toca neste assunto olimpíada em nenhum jornal televisivo. Será mais uma manobra política? abs

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  3. Pode até ser Sérgio que isto influencie. Mas nas outras Olimpíadas, o único esporte que a população acompanhava eram os jogos de futebol.
    Não se formou até hoje uma cultura olímpica na população.
    falta incentivo.
    Rony

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